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No país, menos de 15% dos adultos poupa algum dinheiro. Graziela Fortunato, especialista em finanças e professora na Escola de Negócios da PUC-Rio, explica o porquê e dá dicas para você começar a economizar
por Flávia Marques
Atualizado em 18 de agosto, 2023
O brasileiro não poupa. Embora dura, a sentença é verdade e está pautada em fatos e dados. A última edição do estudo The Global Findex, organizado pelo Banco Mundial, mostrou que menos de 15% dos brasileiros pouparam no período de um ano. Entre os 140 países avaliados na pesquisa, ocupamos a 74ª posição.
A dificuldade de lidar com o dinheiro e de manter uma boa organização financeira impacta vários aspectos da vida da pessoa, principalmente em lidar com situações análise de risco.
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A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), por exemplo, avaliou que em países onde a educação financeira é disseminada desde cedo, a sociedade tem mais capacidade de identificar momentos de diversificação de risco apenas com uma simples conta. Nos Estados Unidos, 30% da população está apta nesse sentido.
Há quem defenda que o brasileiro não poupa porque ganha pouco. E a ideia não está totalmente equivocada. O levantamento do Banco Mundial mostrou que existe, sim, uma forte relação entre renda e percentual de pessoas que fazem reservas.
Isso porque, se considerarmos apenas países com renda per capita inferior a 12 000 dólares ao ano, (algo como 3.700 reais por mês), o Brasil, cuja renda per capita por mês é estimada em 3.000 reais, ocuparia a 44ª posição - colocação ainda pouco animadora.
Além disso, o que mais explicaria tal comportamento? O hábito de não guardar dinheiro é resultado de uma combinação de fatores que inclui até fatos históricos do Brasil.
Após o resquício da recessão causada pela ditadura militar e a posse de Fernando Collor em 1989, primeiro presidente eleito por voto direto na contemporaneidade, o Brasil se viu inundado em inflação e crise econômica.
Ao longo do governo Collor, a chamada hiperinflação - quando a inflação atinge patamar acima de 50% ao mês - estourou e assolou o país por quatro anos. A crise só foi controlada em 1994, com a implementação do Plano Real pela equipe de Fernando Henrique Cardoso (FHC).
Além disso, o governo Collor também ficou conhecido pela famosa ação de confisco nas cadernetas de poupança. A ação fazia parte de um pacote econômico austero, que também retia a transação de depósitos bancários.
Os governos seguintes contiveram a crise e expandiram a economia do país, fazendo com que o Brasil atingisse um dos dos crescimentos mais expressivos - quando o PIB bateu 7,5% em 2010. Mas, cerca de 70% da população que é adulta hoje vivenciaram os duros períodos de crise pós ditadura e gestão Fernando Collor.
Por isso, especialistas indicam que a maioria da população ainda se lembra dos percalços daquela época, perpetuando tal comportamento para as gerações seguintes.
Para entender melhor por que os brasileiros têm dificuldade de guardar dinheiro e chegar à raiz do problema, a Revista Digital Creditas conversou com Graziela Fortunato, especialista em finanças pessoais e professora do IAG - Escola de Negócios da PUC-Rio.
Durante a conversa, ela explicou os fatores que justificam esse comportamento e deu orientações para o consumidor que quer começar a poupar para conquistar melhorias no presente e a longo prazo.
Confira, a seguir, trechos da entrevista:
- Muita gente já sabe o que é necessário fazer para manter as finanças em dia, mas tem dificuldade de colocar o conhecimento em prática. Por quê?
Nos anos 1980 e 1990, quando o Brasil passava por um período de hiperinflação, a preocupação das pessoas não era poupar. Era comer. A inflação era absurda, girava em torno de 80% ao mês. E quais consequências isso trazia? As famílias iam aos supermercados de manhã e, à tarde, os preços já eram haviam subido. Poupar era um luxo.
Com a chegada do Plano Real, a inflação caiu e as famílias ganharam poder de compra. Naquele momento, elas também não pensavam em poupar porque tinham uma espécie de “demanda reprimida” por consumo.
Elas estavam tendo, pela primeira vez, a possibilidade de comprar uma televisão, uma geladeira nova. Bens que nunca haviam tido. E, mais uma vez, poupar não era uma prioridade. Consumir, sim.
- Então, esse momento histórico ainda traz reflexos para a sociedade atual?
Com certeza. Anos depois, na década de 2010, a economia do Brasil ainda sofreu alguns incentivos para facilitar o acesso ao crédito e alavancar o PIB (Produto Interno Bruto). As linhas de crédito ficaram mais baratas e mais fáceis de se conseguir. Foi uma forma de estimular o aquecimento da economia interna, e as pessoas passaram a se endividar excessivamente.
Depois, passamos por um período de crise, e a população, além de muito endividada, passou a perder os empregos. Aí, também não dava para pensar em poupar. A prioridade passou a ser conseguir um trabalho e pagar as dívidas.
- E os brasileiros com uma renda maior, que tinham algum dinheiro para poupar nesses períodos, mas não o fizeram? O que explica essa escolha?
Aí, o problema é outro: falta de educação financeira. Dinheiro não é um assunto sobre o qual as pessoas falam quando vão a festas, quando estão em uma roda de amigos. É um tabu. E, por ser um assunto tão evitado, as pessoas não aprendem sobre isso.
Sem esse conhecimento, poupar fica muito mais difícil. O consumidor não tem noção de investimentos, risco e retorno, e aí, guardar dinheiro perde todo o sentido.
Aliás, poupar direito, diferentemente do que muitos pensam, não é só pôr o seu dinheiro em uma caderneta de poupança. É entender o melhor lugar para colocar as suas reservas e garantir uma boa rentabilidade.
- E por que a poupança não é uma boa opção?
Hoje, a inflação está em torno de 4,5% ao ano, e a maior parte dos brasileiros coloca todo o dinheiro da reserva na poupança, que está rendendo 0,37% ao mês. Isso dá menos que 4,5% ao ano. Ou seja: não estamos nos protegendo nem da inflação. Optando pela poupança, o nosso dinheiro vai perdendo valor com o tempo.
Então, as pessoas colocam o seu dinheiro na poupança, percebem que está rendendo pouco e, por isso, começam a achar que é mais interessante gastar. A baixa rentabilidade não estimula o brasileiro a poupar, justamente porque ele não conhece opções melhores. Ele não sabe, por exemplo, que com 30 reais já pode começar a investir em Tesouro Direto.
- Além da falta de educação financeira, a educação básica também é um ponto crítico no Brasil. Nos rankings mundiais de avaliação de educação, sempre ocupamos posições ruins, inclusive no desempenho em matemática. Isso também atrapalha a vida financeira das pessoas?
Muito. Se para a população já é difícil entender a matemática básica, ter noções de juros compostos, então, é uma realidade muito distante.
E por que isso é tão ruim? Porque, sem essa noção, o consumidor acaba recorrendo a linhas de crédito com taxas abusivas, gastando mais do que pode com o cartão de crédito e se submetendo a juros exorbitantes… E aí fica mais difícil guardar algum dinheiro, porque o orçamento da pessoa fica comprometido com esse tipo de dívida.
- Você acredita que o brasileiro, de modo geral, pensa de forma imediatista?
Muitas vezes, as pessoas acabam comprometendo a sua renda porque têm dificuldade para visualizar as consequências do consumo desenfreado a longo prazo.
Essa situação só muda quando a pessoa entende que poupar é abrir mão de gastar hoje para poder ter algo no futuro - e ainda contar com juros trabalhando a seu favor.
- Com todas as discussões acerca da Reforma da Previdência, parte da população se sente insegura em relação à aposentadoria. Muitos, inclusive, chegam a pensar que, com a aprovação da Reforma, nem conseguirão alcançá-la. Essa situação torna a necessidade de poupar ainda maior?
Acredito que a gente vai precisar se preocupar mais se não houver a Reforma. Se ela for aprovada, a aposentadoria vai estar garantida, mesmo que um pouco mais tarde. Mesmo assim, o ideal é que, independentemente do desfecho dessa história, o consumidor se organize e comece a guardar dinheiro para a aposentadoria.
Também é importante lembrar que, ainda que o projeto seja muito bem-sucedido, o teto do INSS é de cinco mil reais, e os que vão conseguir essa remuneração são os que estão, hoje, acostumados a uma renda muito maior.
Na velhice, as pessoas têm alguns gastos extras, como a contratação de um plano de saúde mais caro, compra de remédios. É necessário assumir algumas despesas. E, nesse momento, para manter o antigo padrão de vida, a pessoa vai precisar de uma renda complementar.
Então, o INSS pode ser um apoio, mas não um fim. Poupar para essa “aposentadoria complementar” é muito importante.
- Para aqueles que não têm o hábito de poupar e querem mudar essa situação, o que você recomenda? Por onde começar?
Primeiro, é preciso que a pessoa pare para fazer uma análise do seu estilo de vida e da sua situação financeira. Ela pode fazer anotações em um papelzinho mesmo, sem usar planilhas ou recursos mais sofisticados.
Aí, é só começar a listar quais são os seus gastos básicos, como aluguel, luz, telefone, mensalidade escolar etc. São as coisas que ela realmente precisa para viver.
Depois, é hora de anotar os gastos “híbridos”. São aqueles que também são muito importantes, mas que, de alguma forma, podem ser reduzidos.
A compra do supermercado é um exemplo: você precisa se alimentar, mas consegue economizar trocando marcas ou reduzindo o consumo de alimentos que fazem mal à saúde e custam caro, por exemplo.
Roupas também entram na lista de gastos “híbridos”. Você tem que se vestir e adquirir algumas peças com certa frequência, mas não precisa, necessariamente, gastar muito com isso. Existem maneiras de economizar nesse sentido.
Por fim, é importante incluir os gastos que podem ser reduzidos ao máximo em casos de necessidade. Saídas ao cinema, restaurantes e viagens frequentes são alguns deles.
- E como equilibrar esses gastos sem prejudicar a qualidade de vida e o chamado “bem-estar”?
Dá para gastar menos com essas coisas sem sofrer. Em vez de jantar fora todo final de semana, por exemplo, dá para convidar os amigos que você gostaria de encontrar para comer na sua casa, o que sai muito mais barato.
Então, essa é uma boa maneira de começar. Separe as contas nessas três categorias (básicas, híbridas e supérfluas). Diminua as supérfluas o máximo que puder e trace estratégias para reduzir as híbridas também. Assim, é possível pagar as contas básicas com mais tranquilidade e sobra dinheiro para começar a poupar.
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