Simule seu crédito
Soluções
Seguros
Soluções de seguros para proteger suas conquistas. Cote online, compare preços e economize com a maior corretora online do país, a Minuto Seguros, uma empresa Creditas.
Para você
Empresas
Controle Financeiro
Liberdade, mobilidade, redução de custos, consumo consciente e preocupação com investimentos levam jovens brasileiros a pensar duas vezes antes de adquirir bens como casas e automóveis
por Elaine Ortiz
Atualizado em 11 de fevereiro, 2021
RESUMO DA NOTÍCIA
|
O famoso “sonho da casa própria” parece ser, cada vez menos, um sonho entre os jovens brasileiros. Em nome de um sentimento de plena liberdade, prender-se a um financiamento imobiliário se tornou pouco atraente a essa geração. Mesmo para aqueles que têm condições financeiras de adquirir um imóvel, a escolha pelo aluguel agora é preferência.
É o caso da analista de relacionamento, Tatiana Moura. Desde que saiu da casa de seus pais, aos 24 anos, ela nunca cogitou comprar um imóvel e já mudou de casa algumas vezes para ficar mais perto do trabalho e ganhar em qualidade de vida, já que antes de uma de suas mudanças ela demorava cerca de duas horas e meia para chegar ao local de trabalho.
“Preferi alugar por conta do alto juros do financiamento imobiliário, acho muito mais viável e inteligente investir o dinheiro do que pagar juros abusivos”, conta. “Além disso, a casa onde moro hoje fica a 15 minutos do meu trabalho e isso influenciou muito na minha escolha, pois trabalho em uma empresa que possui várias unidades espalhadas em diferentes regiões e, caso eu seja remanejada para alguma, eu não teria problema em alugar outra casa mais próxima do local”.
O crescimento dos aluguéis no Brasil é evidente. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dos 71 milhões de domicílios existentes no Brasil em 2018, 12,9 milhões eram alugados, aumento de 5,3% na comparação com 2017. Atualmente, 20,5% de todos os domicílios situados em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo são alugados.
Acumular bens e patrimônios palpáveis é uma preocupação menos importante nos dias de hoje. A geração dos millenials (nascida entre 1980 e 1994) e geração Z (1995 a 2010) valorizam mais o acesso facilitado aos bens do que a sua posse. Por isso, serviços que otimizam o cotidiano e ainda oferecem menos custo ao bolso das pessoas tem ganhado cada vez mais força. É o caso de aplicativos de transporte (Uber), compras e entregas (Rappi) e até mesmo os que intermediam aluguel e a compra de imóveis pela internet (Quinto Andar, Loft).
Investir grandes quantias de dinheiro que antes seriam aplicadas em bens duráveis em aplicações de renda variável, por exemplo, é um dos caminhos que a geração da não posse está trilhando. Ainda mais, em tempos de baixa da taxa Selic (fechou 2019 a 4,50%, menor valor de sua história, e pode ser reduzida em mais 0,25% na próxima reunião do Copom, nos dias 4 e 5 de fevereiro).
“Patrimônio é um dinheiro que faz dinheiro para você, você ter uma quantia investida e ter retorno no longo prazo vale muito mais a pena”, diz o educador financeiro da Messem Investimentos, Leandro Benincá. “A ideia é que lá no futuro as pessoas possam trabalhar pelo prazer, não pelo sustento. O sustento virá pelo patrimônio, que são os dividendos das empresas que você é sócio”.
Leia mais: Seis maneiras de ganhar renda extra com seu bem
As taxas de juros aplicadas no financiamento imobiliário variam muito entre as instituições financeiras que oferecem esse tipo de crédito - entre 2,95% a 7,99% ao ano. E envolvem ainda, a necessidade de possuir uma quantia elevada para a entrada. Muitas pessoas acabam se endividando ao assumirem parcelas mensais que comprometem grande parte de sua renda.
Levantamento realizado em todas as capitais do Brasil pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) mostra o financiamento da casa própria (35%) e o financiamento de automóvel (52%) como alguns dos principais vilões da inadimplência. O aluguel e o plano de saúde aparecem na pesquisa como os compromissos que os 61 milhões de inadimplentes brasileiros priorizam na hora de quitar contas.
Leia mais: Queda de taxa de juros de financiamento fortalece mercado imobiliário
"O jovem de hoje não tem mais esse apego de ter seu próprio automóvel justamente pelo fato da disponibilidade de outros meios de se locomover pelas cidades", diz o economista e educador financeiro, Alessandro Azzoni. "A geração anterior buscava tirar a habilitação de motorista assim que completava 18 anos e já comprava seu carro, hoje eles nem se preocupam em tirar a carta, muito menos em comprar um carro, os aplicativos ficaram mais acessíveis e baratos", diz.
O economista exemplifica fazendo uma conta e ressalta a importância de planejar e incluir os chamados gastos acessórios antes de efetuar a compra de um bem . "Se ao invés de comprar um carro de 50 mil reais você aplicasse esse dinheiro a 1 % ao mês, daria praticamente 6 mil reais por ano, com essa taxa cortada no meio, estamos falando de 3 mil reais de juros. Ao comprar o carro, automaticamente os seus 5o mil reais equivalem a 47 mil reais, já que você deixou de ganhar os 3 mil de juros, é o custo oportunidade, e esta perda precisa ser contabilizada".
Além disso, o economista explica que qualquer carro sofre uma desvalorização anual em torno de 10 a 25% já ao sair da concessionária. "Ou seja, seus 50 mil reais, menos 25% de desvalorização (12 500 reais), menos os 3 mil reais de juros que você deixou de ganhar com investimento, mais IPVA (4% do valor do automóvel), seguro (2% do valor) manutenção periódica, combustível (100 reais por semana dá um custo de 5 mil reais ao ano), você teria 12 mil reais dos seus 50 mil iniciais", explica. "Quando colocamos na ponta do lápis você vai ver que o gasto que terá para utilizar aplicativo de locomoção praticamente devolve a rentabilidade do dinheiro aplicado no ano".
Outro comportamento característico dessa geração é a “impermanência” em todos os âmbitos da vida, incluindo a questão do trabalho. A geração X, por exemplo, tinha como meta buscar estabilidade na vida profissional. Ser funcionário público ou atuar em empresas que ofereciam estabilidade era o grande sonho a ser percorrido. Ao fim de décadas de trabalho, a aposentadoria era a premiação por uma vida dedicada muitas vezes ao sucesso de uma única empresa.
Hoje, quem trabalha por muitos anos em uma única empresa não é bem visto no mercado. Esse é um dos motivos que justifica o alto índice de rotatividade de colaboradores nas empresas brasileiras. Segundo pesquisa da Robert Half, a taxa de turnover no país aumentou em 82% entre 2012 e 2014, mais que o dobro da média mundial, que é de 38%. O estudo entrevistou 1.775 diretores de RH pelo mundo, sendo 100 deles brasileiros.
“A geração atual é líquida, se molda, se movimenta, ocupa espaços diferentes, quer ter fluidez, liquidez, compartilhamento. É a quebra do sólido em nome do líquido, como defende o sociólogo polonês Zygmunt Bauman”, diz o educador financeiro Alessando Azzoni.
“Hoje a palavra da moda é liquidez. Liquidez para viajar, investir, conquistar seus sonhos, não quero imobilizar nada. Assim, não adianta ter 1 milhão de reais parado em uma casa, o pensamento moderno é sobre o quanto esse dinheiro traria de rentabilidade caso fosse investido”, diz Azzoni. “A geração da não posse é a geração da liquidez”.
Newsletter
Exponencial
Assine a newsletter e fique por dentro de todas as nossas novidades.
Ao assinar a newsletter, declaro que concordo com a Política de privacidade da Creditas.