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Nova epidemia já infectou quase 6 000 pessoas e gerou queda nas bolsas do mundo todo. Conheça outros surtos que tiveram grande impacto na saúde da população e no desenvolvimento dos países
por Flávia Marques
Atualizado em 11 de fevereiro, 2021
RESUMO DA NOTÍCIA
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Desde que um novo vírus começou a se espalhar em Wuhan, uma das maiores cidades da China, as autoridades locais passaram a se mobilizar para evitar a disseminação do agente infeccioso. Mas os esforços não foram suficientes: um mês depois, o coronavírus já se espalhou por 14 países, matou mais de 100 pessoas e, além de medo à população, vem causando furor no mercado financeiro.
Por conta da epidemia, a semana começou com queda nas bolsas do mundo todo. As ações no Japão e na Europa caíram mais de 2%. Em Nova Iorque, o S&P caiu 1,6% depois que ações de empresas que têm forte relação com a China ficaram suscetíveis. Por aqui, empresas de diversos setores também sofreram forte desvalorização - como a JBS, que viu seu valor de mercado cair 5,45 bilhões de reais - e o Ibovespa registrou queda de mais de 3% na segunda-feira (27).
Junto com os riscos à saúde, o medo e pânico gerados os surtos e epidemias, aparecem os riscos econômicos. No caso do coronavírus, as consequências são especialmente intensas pois o problema teve origem na China, um dos motores do crescimento mundial. “Hoje, além de ser a segunda maior economia do planeta, a China tem forte participação no comércio internacional”, comenta Mauro Rochlin, economista e professor dos MBAs da Fundação Getúlio Vargas (FGV). De acordo com o Fundo Monetário Internacional, a economia chinesa é responsável por 17% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial.
Leia também: Coronavírus impacta mercado financeiro e pode reduzir PIB global
Quando uma epidemia começa a aparecer, os custos para o sistema de saúde, público e privado, crescem à medida que a necessidade de tratamento médico e ações de controle da doença também aumenta. “Um surto considerável pode sobrecarregar o sistema de saúde, limitando a capacidade de lidar com problemas de saúde de rotina e agravando o problema”, explicou o professor de economia e demografia David Bloom no relatório “The Economic Risks and Impacts of Epidemics”, divulgado pelo FMI em junho de 2018.
Além dos choques no setor da saúde, as epidemias obrigam os doentes e seus cuidadores a deixar de trabalhar ou a serem menos eficazes em seus empregos, diminuindo e prejudicando a produtividade. Na China, o governo estendeu o feriado do Ano-Novo Lunar por mais três dias, até 2 de fevereiro, interrompendo atividades econômicas. “Essas medidas têm como efeito mais imediato uma redução da produção no país, o que também afeta todos os outros”, comenta Mauro Rochlin.
Na maior parte dos casos, a preocupação com a propagação de um surto também pode levar à diminuição do comércio. “Por exemplo, uma proibição imposta pela União Europeia às exportações de carne bovina britânica durou 10 anos após a identificação de um surto de doença da vaca louca no Reino Unido, apesar da transmissão relativamente baixa para seres humanos”, afirmou David Bloom, referindo-se à epidemia que afligiu o país entre os anos 1980 e 1990.
As viagens e o turismo para regiões afetadas por surtos também tendem a declinar. Algumas epidemias de longa duração, como HIV e malária, também impedem o investimento estrangeiro direto.
Leia também: Os 10 maiores riscos para o mundo em 2020, segundo a Eurasia
O coronavírus não é a primeira epidemia que traz repercussões econômicas que atravessam fronteiras. Na história recente, outras doenças também afetaram o desenvolvimento de alguns países. Para relembrar outras situações, o Exponencial resgatou alguns casos que tiveram grande impacto no mundo. Confira, a seguir:
Em 2009, a gripe suína que atingiu o México se alastrou por outros países e pegou a economia mundial em um momento delicado, quando a crise econômica começava a dar pequenos sinais de alívio. A possibilidade de uma pandemia global gerou o temor de uma nova onda de prejuízos.
A principal vítima financeira da gripe suína foi o México, epicentro do surto. À época, o então ministro da Fazenda, Augustín Carstens, classificou como “inevitável” um forte abalo à economia do país por conta da doença que, no período, somada à crise financeira, gerou retração de 3% da economia mexicana em 2009 e sucessivas quedas na bolsa.
Naquele ano, a região mais vulnerável à doença, a Cidade do México - segunda maior do planeta, com aproximadamente 22 milhões de habitantes -, teve prejuízo diário de 120 milhões de dólares. Mais de 400 000 mexicanos deixaram de trabalhar para ficar em casa, e o prefeito Marcelo Ebrard criou um fundo de 10,7 milhões de dólares para ajudar famílias e empresas prejudicadas pela gripe.
No mesmo período, o então presidente americano Barack Obama pediu ao Congresso uma verba de 1,5 bilhão de dólares para a ação contra a gripe suína. Os fundos foram usados na criação de estoque de drogas antivirais, no desenvolvimento da vacina, no apoio ao sistema de saúde e na ajuda a organizações internacionais na prevenção da propagação da gripe.
No Brasil, os prejuízos foram sentidos inicialmente do setor de suinocultura e frigoríficos. Embora a OMS tenha afirmado que o consumo de carne de porco não transmitia a doença, causada pelo vírus influenza A/N1H1, a demanda internacional caiu e o embarque de produtos já vendidos foi cancelado por conta das restrições que muitos países impuseram ao produto.
No Brasil, a dengue, doença febril transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, fez o país perder cerca de 1,2 bilhão de reais por ano entre 2009 e 2013, quando foi registrado um grande salto de incidência da doença, que passou de 406 000 casos registrados (2009) para 1,45 milhão (2013). Os dados são de um estudo da Fiocruz que avaliou em detalhes o impacto econômico da dengue em território nacional.
“Considerando esta série atemporal de dengue, os custos da doença variaram de 371 milhões de dólares, em 2009, a 1,288 bilhões de dólares, em 2013”, escreveram os pesquisadores. Quando se trata da presença de outros vírus que infectam o Aedes aegypti, porém, o prejuízo coletivo é ainda maior, porque o estudo não levou em conta o impacto econômico da Zika e da Chikungunya, que cresceram a partir de 2014.
Assim como nessas outras enfermidades, o impacto econômico da dengue permeia muitos aspectos da economia e vai além do tratamento médico em si. Além de computar gastos com exames, internação e medicamentos, os cientistas estimaram o impacto de faltas escolares e ausências no trabalho, além de outros fatores.
Como a maior parte dos casos de dengue são “ambulatoriais”, ou seja, não resultam em internação, o impacto econômico se concentrou em fatores indiretos, como perda de produtividade em razão de faltas no trabalho.
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Em 2014, Guiné, Serra Leoa e Libéria, na África, foram os países mais afetados pelo surto de ebola. O vírus surgiu pela primeira vez em 1976, em surtos simultâneos em Nzara, no Sudão, e em Yambuku, na República Democrática do Congo.
Na epidemia de 2014, foram reportados cerca de 29 000 casos suspeitos de ebola nos países africanos. Sem tratamento efetivo, a doença provocou 11 310 mortes e perdas de 2,8 bilhões de dólares (cerca de 11,8 bilhões de reais) na Guiné, Serra Leoa e Libéria, que já possuem economia marcada pela fragilidade. Esses recursos representam quase um terço dos cerca de 7 bilhões de dólares que, de acordo com o Banco Mundial, custou a luta global contra a doença.
Imagem: United Nations News
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