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Com a autorização do Bacen, empresa pode gerar uma Sociedade de Crédito Direto (SCD). Entenda como a medida vai impactar o mercado das fintechs
por Portal Exponencial
Atualizado em 11 de fevereiro, 2021
A Creditas, plataforma online de empréstimo com garantia de imóvel e de veículo, recebeu nesta semana a autorização do Banco Central (Bacen) para operar como uma Sociedade de Crédito Direto (SCD). A medida faz com que a fintech ganhe o direito - e independência - para conceder empréstimos diretamente aos clientes, além de outras prerrogativas estabelecidas na Resolução 4.656, de abril de 2018.
Agora, com o título de instituição financeira, a Creditas adotará um modelo híbrido com os parceiros quando for emitir ou ceder os créditos, combinando a atual independência da operação própria com a expertise dos parceiros que trabalham com a fintech - sendo eles Sorocred, Santana, CHP e Fapa. “A autorização do Banco Central dá à Creditas uma liberdade maior para oferecer produtos de crédito que garantam o progresso financeiro de nossos clientes”, disse Sergio Furio, CEO e fundador da Creditas, em nota à imprensa.
A novidade, no entanto, não impactará os clientes no curto prazo - principalmente aos empréstimos já concedidos ou em processo de análise. O objetivo é que, no futuro, a empresa consiga lançar produtos mais competitivos e inovadores no mercado. “O foco agora é trabalhar muito para extrair o melhor de todas as alternativas e elevar a experiência dos nossos clientes”, completou Furio.
Principal fintech de empréstimo com garantia do Brasil, a Creditas quer aproveitar o momento para continuar expandindo o acesso da modalidade no país. Atualmente, o crédito com garantia corresponde por menos de 50% do mercado. Nos Estados Unidos, por exemplo, esse tipo de empréstimo supera 90% do mercado.
Para Fábio Neufeld, líder da vertical de crédito da ABFintechs e CEO da Kavod Lending, o título de SCD à Creditas reforçará o posicionamento da empresa, principalmente em termos de credibilidade: por se tornar uma instituição financeira, a atuação da Creditas terá supervisão e conexão direta com o Banco Central. “Agora, quem for se financiar com a Creditas, saberá que está lidando diretamente com uma instituição regulada e auditada pela autoridade máxima do mercado financeiro”, explica Neufeld. “Isso também ajuda a fomentar a inovação dentro do mercado financeiro, especialmente no segmento de crédito.”
A autorização para a Creditas veio como um impulso e importante aceno às fintechs - empresas que promovem inovação no mercado financeiro por meio do uso intenso de tecnologia. Isso porque a medida aumentará a concorrência do setor como um todo, estimulando, assim, melhores serviços, produtos e práticas de mercado.
Todo esse engajamento em torno das fintechs tem um porquê: tais empresas mudaram a relação do mercado financeiro. Não apenas na interação com os clientes, mas em termos de fazer negócio, como pensar em soluções inovadoras, mais abrangentes e inclusivas. Isso ocorre, porque elas são pautadas em atender necessidades específicas do seu público alvo, seja ele qual for – empresas, instituições financeiras e a população em geral.
No Brasil, o grau de especialização do setor já está tão maduro que, além de o país ser referência na América Latina como um todo, o mercado nacional caminha para se tornar um exportador de tecnologia financeira, unindo-se a ecossistemas já consolidados, como Londres, Nova York e Hong Kong. Um último estudo feito no setor pela PwC, em parceria com a ABFintechs, revelou, por exemplo, que existem mais de 450 empresas desse ramo no Brasil. Do montante, mais da metade atua com meios de pagamento e oferecendo crédito e financiamento.
“Ter a aprovação do Banco Central para operar como instituição financeira é algo extremamente positivo. Mostra que este movimento não tem mais volta e que vai mudar o mercado financeiro brasileiro”, afirma Neufeld. “O fomento da competição favorece os consumidores finais que, cada vez mais, contam com soluções modernas e seguras para crédito e administração financeira”, explica.
A dinâmica do mercado das fintechs fez com que o Banco Central adotasse uma série de medidas para avançar a regulação do setor. O primeiro grande aceno foi dado em abril de 2018, quando o Bacen aprovou as resoluções nº 4.656 e nº 4.657, que regulamentaram as operações dessas empresas como instituições financeiras. A medida, então, abriu a possibilidade das fintechs terem o direito de atuar como Sociedade de Crédito Direto (SCD), ou como Sociedade de Empréstimo entre Pessoas (SEP).
Segundo o Banco Central, a SCD permite que a empresa faça operações de empréstimo, financiamento e aquisição de direitos creditórios por meio de plataforma eletrônica, com uso do capital próprio. Já a SEP, garante que a empresa viabilize operações de empréstimo e financiamento entre pessoas por meio eletrônico.
Antes desse reconhecimento, as startups tinham que percorrer um longo e custoso caminho para terem o título de instituição financeira. Os requisitos exigidos, por exemplo, eram similares aos de grandes bancos, que possuem estrutura organizacional e de trabalho bem diferentes.
Um mercado regulamentado garante mais segurança e transparência ao consumidor. No caso do setor de crédito, a tendência é que o impacto chegue até as taxas de empréstimo, devido ao estímulo à concorrência. “A regulação estimulou a continuidade dos negócios e da inovação. Ainda em 2019, acreditamos que mais fintechs conseguirão suas licenças para tornarem-se SCD e também SEP”, diz Neufeld.
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