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Economia no Brasil: estudo mostra otimismo no consumo para 2019

País aparece na segunda posição em levantamento global da Credit Suisse sobre confiança do consumidor. Entenda como o otimismo da população pode refletir na saúde econômica do Brasil

por Portal Exponencial

Atualizado em 11 de fevereiro, 2021

Economia no Brasil: estudo mostra otimismo no consumo para 2019

Após 62 dias, o governo federal conseguiu aprovar o texto da reforma da Previdência na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). A sessão, que durou cerca de nove horas, teve 48 votos favoráveis a proposta de reforma e 18 contra. Agora, o próximo passo para que a reforma saia do papel é a fase da análise de uma comissão especial formada na Câmara. Na sequência, o texto seguirá para o plenário geral votar. Segundo especialistas, porém, a aprovação da CCJ já é um aceno positivo que para a economia no Brasil.

“Sem a reforma da Previdência estaremos em uma situação bem complexa”, aponta Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset. “Com a reforma, porém, a perspectiva do consumo e da economia como um todo é de melhora”, explica o especialista.

A avaliação de Vieira vai em linha com a pesquisa Emerging Consumer Survey 2019, do banco Credit Suisse, publicada no primeiro trimestre deste ano. Segundo a análise global, a população brasileira é a segunda mais otimista em países emergentes, atrás apenas da Índia. Ainda de acordo com a pesquisa, os brasileiros são os que têm a melhor expectativa em relação às finanças pessoais e à inflação do país em 2019.

Além disso, a análise demonstrou que após as eleições de outubro de 2018, a população brasileira se mostrou mais otimista, refletindo na melhora do posicionamento da confiança do consumidor, um comportamento semelhante ao que ocorreu no México, por exemplo.

Mesmo com os índices mensais divulgados pela Fundação Getulio Vargas (FGV) demonstrar leve recuo no Índice de Confiança do Consumidor (ICC), o economista-chefe da Infinity Asset avalia que, diante da aprovação da reforma, as notícias para a economia no Brasil são positivas. A tendência agora é que a população recupere ainda mais a confiança e volte a consumir, assim como a tirar projetos do papel.

Para Vieira, o consumo é um componente tão importante para o crescimento econômico quanto investimentos. E a tendência de comportamento entre ambas são similares: conforme o mercado e a população voltam a confiar no progresso econômico, os dois cenários passam a movimentar mais dinheiro e, consequentemente, trazer impactos positivos à economia no Brasil.

Confira, a seguir, trechos da entrevista que a Revista Digital Creditas fez com o especialista:  

Pensando no longo prazo, como o sr. avalia o resultado da pesquisa? E o consumo ainda é um fator muito importante para a economia no Brasil?

Nós ainda somos uma economia voltada até em termos de atividade econômica ao consumo. Não somos tão voltados às questões dos investimentos e também a mudança de governo tem uma mudança muito grande nesse cenário. Desde as expectativas de uma mudança de taxa de juro nominal baixa, até os incentivos que o governo tem trabalhado de modo a tentar reduzir o spread bancário em suas várias facetas, você tem um cenário que a perspectiva de consumo vai depender de um cenário de reformas.

Ainda estamos dependentes de que as reformas estruturantes possam dar um caminho não só de fechamento monetário, mas de incentivo ao consumo. Outro ponto é até a abertura comercial, não diretamente na confiança do consumidor, porque as pessoas não entenderiam como se daria isso, mas entendemos de que como aconteceu no passado no Brasil, tem um papel muito importante justamente nessa melhora de expectativa de consumo, podendo superar inclusive o que está sendo colocado no relatório.

Um dos pontos que destacou o Brasil na segunda posição do ranking foi o otimismo com as finanças pessoais dos brasileiros: eles acreditam que as coisas vão melhorar. Em contrapartida, ainda temos um alto índice de desemprego e economistas revisando o PIB (Produto Interno Bruto) para baixo...

Eu não faço esse tipo de alteração na revisão do PIB, porque existe um elemento de humor colocado nisso. Toda essa instabilidade sobre a reforma da previdência. Então, parte dessas mudanças que foram propostas e precisam ser promovidas têm um aspecto mais voltado à confiança.

Agentes de mercado financeiro e economistas que estão mais nessa linha de frente tendem a mudar de humor - reflete na prática a perda de humor. Mas, se a reforma da previdência for aprovada, o otimismo vai voltar. Então, o melhor é esperar. Eu não vou nessa onda, evito me contaminar.

Conversando em reuniões de economistas, todo mundo entende que o cenário e a expectativa dos investidores é muito diferente do Congresso - e o tempo do congresso é outro.

Então, em termos práticos, o que a população deve esperar para esse ano? Há motivos para manter o otimismo e continuar consumindo?

De certa maneira, sim. É aquele ponto: tem esperar a reforma sair. Se ela não sair do papel, esquece. Mas, se sair, o cenário é positivo. E o consumo tem um componente semelhante ao investimento.

Nesse caso, o investimento vem antes do consumo. E, como ele vem antes do consumo, a hora que o investidor olhar e sentir que a situação está melhorando, ele vai expandir, voltará a contratar. Será um motor de crescimento. Ainda temos tempo para que a capacidade ociosa seja reduzida. Não de imediato, mas tem a sinalização.  

O sr. acredita que esse pós-crise poderá impactar positivamente o brasileiro a ter mais noção de educação financeira?  

Uma sinalização é importante é que, quando você pega os principais livros que são vendidos no Brasil, uma parte relevante é de educação financeira. Então, está ocorrendo uma mudança. A única questão é que ela está ocorrendo. Ou seja: ainda não foi finalizada, está em curso.

Então, eu avalio que a tendência seja essa, aos poucos as mudanças vão acontecer. Claro que ainda há muito a ser melhorado, porque, vamos ser sinceros, muitos brasileiros já sabem da importância da educação financeira. A diferença é ter vontade para colocar em prática. É isso que diferencia. que a coisa melhorar ainda - porque na verdade vamos ser sinceros - o que fazer o brasileiro já sabe, mas a vontade de colocar em prática é o que diferencia.

O que o brasileiro pode tirar de lição com a última crise econômica?

Usando um termo muito comum na economia: não existe almoço grátis. E essa é a principal lição. Não existe dinheiro eterno. Então, entender que devemos esperar menos do governo e esperar um pouco mais de nós mesmos.

Parte significativa da população que viveu a crise recente não passou pela hiperinflação. Agora, eles puderam compreender que o futuro vai depender mais de liberdades individuais que do governo em si.  

Leia também: Inadimplência, a saga dos milhões de brasileiros negativados.

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