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Movimento se opõe ao consumismo e propõe uma vida mais simples e com menos dívidas
por Flávia Marques
Atualizado em 11 de fevereiro, 2021
Em tempos de ostentação nas redes sociais, o desejo de viver com pouco pode até parecer loucura. Mas, na contramão do consumismo, muita gente tem conseguido economizar dinheiro e ganhar um novo propósito para a sua vida graças a um movimento que vem conquistando adeptos no mundo todo: o minimalismo.
O conceito minimalista, geralmente associado a tendências de moda, design e arte, se transformou em um estilo de vida interessante. Ele sugere que o indivíduo ceda à tentação de consumir em excesso e passe a comprar apenas o que é necessário para se libertar de tudo o que não é importante para a sua vida.
A proposta fez tanto sucesso que deu origem a livros, como o best-seller “Menos é mais: um guia minimalista para organizar e simplificar sua vida”, da americana Francine Jay, e séries, como a "Ordem na Casa", da aclamada especialista em organização Marie Kondo (imagem que abre a matéria), além de diversos filmes e documentários.
Entre os anos 1990 e 2008, o planeta viveu um “período de prosperidade”. Foi nessa época que surgiram fenômenos como o crescimento internacional da indústria do luxo, do sistema “fast fashion” (no qual os produtos são fabricados, comprados e descartados rapidamente) e da produção de objetos de “design para todos”.
Muito disso se deve ao barateamento de produtos fabricados principalmente na China, e que caíram no gosto dos americanos. De lá para cá, pilhas de roupas, eletrônicos e itens das mais diversas categorias passaram a tomar conta das casas e aumentar a despesa doméstica média.
Hoje, a exposição da população às campanhas publicitárias é um dos principais fatores que contribuem para que desejo e necessidade sejam tão facilmente confundidos, desencadeando o consumo desenfreado. E as consequências são sérias: o endividamento excessivo, que pode levar à inadimplência e o descontentamento, motivado pelo desejo de querer sempre mais, são apenas algumas delas.
Depois de assistir a “Minimalismo: um documentário sobre as coisas que importam”, de Joshua Millburn e Ryan Nicodemus, a jornalista Caroline Abreu, de 28 anos, ficou sensibilizada com a ideia de se livrar dos excessos.
A obra conta a trajetória de dois amigos que tinham dinheiro e altos cargos, mas não se sentiam felizes em relação às suas vidas, aos seus relacionamentos e até consigo mesmos, até encontrarem no minimalismo uma nova forma de viver. Em um trecho, Joshua conta como os novos hábitos melhoraram o seu dia a dia.
“Eu tinha muitas coisas. Centenas, milhares de livros, DVDs e armários cheios de roupas caras. Eu havia trazido todas essas coisas à minha vida sem questionar. Mas, quando comecei a me desapegar, passei a me sentir mais livre, mais feliz, mais leve. E agora, como um minimalista, cada coisa que tenho serve a um propósito ou me traz alegria”, diz.
Para Caroline, a mensagem fez tanto sentido que ela passou a pesquisar sobre o assunto e, por fim, decidiu aplicar o conceito à sua rotina. Hoje, ela compartilha tudo o que tem aprendido na caminhada com o minimalismo e inspira quem deseja viver uma vida mais simples em seu canal no Youtube, o parece óbvio.
Mesmo se identificando com a ideia, mudar os hábitos não foi fácil, mas a jornalista resolveu fazer tudo de forma gradativa, sem radicalismo. E o resultado foi positivo: Caroline conseguiu transformar a sua relação com o dinheiro, ganhar tempo na sua rotina e ainda afirma que encontrou um novo propósito para a sua vida.
Para a Revista Creditas, ela contou como foi esse processo e compartilhou a sua visão sobre o assunto. Confira:
- Para você, o que é o minimalismo?
Eu enxergo o minimalismo como um estilo de vida, uma mentalidade que a gente adota e passar a priorizar aquilo que realmente é essencial para nós. A partir daí, eliminamos os excessos - e isso vale para objetos, gastos, sentimentos... É um estilo de vida que pode ser aplicado em todas as áreas da nossa vida.
- O que te levou a adotar esse estilo de vida?
Eu era uma pessoa muito consumista. Depois que eu conheci o minimalismo, passei a gastar muito menos com coisas desnecessárias e começou a sobrar dinheiro e tempo para eu fazer tudo o que eu tinha vontade e não conseguia. Eu parcelava muito, usava muito cartão de crédito e adquiria coisas que, no fim do mês, eu nem lembrava que tinha comprado.
- Além de te ajudar a economizar, o minimalismo mudou a sua vida de outras formas?
Senti grandes mudanças do ponto de vista financeiro, mas eu também passei a ter mais tempo. Eu percebi que perdia muito tempo comprando coisas, pensando em comprar coisas e organizando as que eu já tinha. Agora, com mais tempo livre, passei a me dedicar aos meus projetos e às coisas que eu gosto de fazer. Por isso, inclusive, consegui criar o meu canal.
Além disso, o minimalismo traz uma sensação de propósito. Você começa a se questionar mais sobre o que é, de fato, importante para você. A sensação é de que os vazios vão se preenchendo, você passa a se conhecer melhor.
- Como as pessoas ao seu redor enxergaram essa mudança?
No início é sempre mais complicado… Toda vez que a gente assume um rótulo, as pessoas acham que a gente vai se desfazer de tudo e viver só com dez peças de roupa (risos). No início estranharam, mas com o tempo as pessoas começaram a notar que aquilo não era uma coisa ruim, mas que era algo que estava me fazendo bem.
- Como foi esse processo?
O meu primeiro passo foi deixar de comprar. Eu tinha o costume de ir fazendo várias comprinhas, como um hobby, não por necessidade. Depois, avaliei o que eu tinha dentro de casa e fui me desfazendo daquilo que estava sobrando. Periodicamente, faço um “destralhe” no meu guarda-roupa, porque parece que, quanto mais eu leio sobre minimalismo, mais eu absorvo esse estilo de vida e vou percebendo coisas que são excesso na minha casa.
Nesse processo, as finanças também foram se ajeitando, porque, além de deixar de fazer compras que eu não precisava, eu vendi muitas coisas que eu tinha. O bom foi que recuperei um pouco do dinheiro que eu tinha gastado com coisas desnecessárias.
- Qual é a maior dificuldade de ser minimalista?
É essa mudança de hábitos, principalmente para quem tem o costume de viver em função de compras - como eu era. É preciso virar essa chavinha e perceber que aquela sensação de euforia que a gente tem logo que compra alguma coisa é muito fugaz. Muitas vezes eu comprava algo no shopping e, antes de chegar em casa com aquela sacola, a alegria já tinha passado. Era muito rápida.
É preciso mudar a forma de pensar e passar a perceber que a gente pode investir em coisas que vão dar uma sensação de contentamento mais duradoura e mais verdadeira. E não é uma mudança fácil, porque fomos ensinados a pensar de outra forma a vida toda. As propagandas trabalham para que a gente se sinta inadequado e que, para "fazer parte da turma", é preciso comprar e comprar.
- Na sua opinião, por que as pessoas têm falado mais sobre minimalismo?
Essa discussão, essa popularização do assunto é algo que já aconteceu lá fora e agora está chegando com mais força aqui no Brasil. Eu acredito que estamos vivendo um momento de conscientização, e muita gente está percebendo que não dá mais para viver esse estilo de consumo desenfreado. Algumas pessoas chegam a essa conclusão porque se preocupam com o meio ambiente e querem ser mais sustentáveis, outras, porque não estão conseguindo equilibrar as contas, e algumas estão buscando por uma solução porque gastam mais do que ganham. A gente está saindo de uma geração que vivia muito em função de adquirir bens para uma geração que valoriza mais experiências, e o minimalismo tem muito a ver com isso.
- E quem tem vontade de adotar um estilo de vida mais minimalista? Por onde começar?
O primeiro passo é entender por que a pessoa quer sair dessa situação. Ela pode querer, por exemplo, reduzir os gastos para fazer uma viagem com a minha família no final do ano, comprar uma casa ou qualquer outra coisa. Acho que não é legal se tornar minimalista só por se tornar, tem que ter um objetivo.
Depois, a pessoa pode observar os seus hábitos de consumo na semana e anotar todos os gastos, até os menores, como um salgado, um café... Quando a gente começa a escrever, fica mais consciente de coisas que a gente não percebe naturalmente. Em seguida, parar de comprar os supérfluos por uma semana é um exercício interessante, porque faz a gente perceber que pode viver muito bem sem essas coisas e que, muitas vezes, estávamos comprando por impulso.
E, depois dessa mudança, a pessoa passa a enxergar as coisas que tem em casa com outros olhos, passa a ver perceber o que está sobrando e pode começar a desapegar. Tudo com equilíbrio. Algumas pessoas são muito radicais, e até por isso eu não gosto muito de regrinhas, como "tenha apenas X peças de roupas" ou "nunca tenha dois itens iguais". É preciso ter bom senso, porque existem muitas realidades diferentes e que a gente não conhece. Então, cada um tem que avaliar a sua para entender que tipo de mudança é apropriada ou não.
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