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Para os novos microempreendedores, organizar contas de pessoa física e jurídica é um enorme desafio. Especialista ensina a administrar os dois orçamentos sem confusão
por Flávia Marques
Atualizado em 11 de fevereiro, 2021
Depois de 30 anos trabalhando em uma incorporadora, Antônio Brito, com 54, foi demitido e deixou a liderança de uma equipe de almoxarifado. Foi em 2016, quando a Construção Civil sofria o ápice dos efeitos da crise: naquele ano, mais de 350 000 profissionais do setor perderam o emprego. Para não ficar parado, Antônio decidiu adentrar no mundo do empreendedorismo.
A saída foi unir o útil ao agradável: interessado por gastronomia, ele decidiu investir em seu próprio restaurante. Logo que recebeu a rescisão, então, começou a estruturar sua solução - e não tinha muito tempo, principalmente porque seu salário era a garantia de sustento da esposa e dois filhos.
Nem viu a cor do dinheiro: contratou um pedreiro, quebrou as paredes da sala e dos quartos de sua casa e ampliou a garagem. Em seguida, deu nova cor à fachada e, em poucos dias, ali já funcionava o seu restaurante.
Enquanto o país enfrenta altos índices de desemprego, para milhões de brasileiros a recolocação profissional torna-se uma realidade cada vez mais distante. E, se faltam oportunidades no mercado de trabalho, para muitos, abrir um negócio é a saída para sobreviver. Esse movimento, chamado de empreendedorismo de necessidade, é um dos grandes responsáveis pelo aumento do número de empresas no Brasil.
Tal fato pode ser sentido no alto número de microempreendedores individuais (MEIs). Segundo dados do Portal do Empreendedor do governo federal, no primeiro semestre de 2019, a quantidade de trabalhadores MEIs excedeu a marca de 8 milhões. Nos últimos cinco anos, desde o período pré-recessão, o acréscimo de MEIs no mercado foi de 120%.
Mas a realidade de quem precisa empreender de uma hora para a outra não costuma ser fácil. Em pouco tempo, o novo empresário precisa se adaptar à burocracia que envolve a abertura e manutenção de uma empresa, buscar fornecedores, definir o seu público-alvo, divulgar as suas ofertas e, ainda, dar atenção a um ponto fundamental: a organização das finanças da empresa.
Em outubro de 2016, a Fundação Getúlio Vargas, em parceria com o Sebrae, desenvolveu o estudo Sobrevivência das Empresas no Brasil. A pesquisa gerou um relatório com informações alarmantes: um terço das novas empresas brasileiras fecha as portas em até dois anos, e quase 50% dos pequenos empresários do país não sabem dizer se têm lucro ou prejuízo.
Os números evidenciam que a falta de organização financeira está diretamente relacionada ao fracasso dos negócios. E, no que diz respeito às finanças, um dos maiores desafios do microempreendedor é não misturar os orçamentos de pessoa física e jurídica.
Essa não é uma tarefa tão simples, já que ter acesso ao caixa da empresa a qualquer momento pode ser um convite para fazer retiradas frequentes e atender às necessidades individuais ou da família. No entanto, essa prática é perigosa e pode trazer prejuízos significativos no desempenho financeiro do negócio, pondo em risco sua própria sobrevivência no mercado.
“Quando o empreendedor começa a tirar dinheiro da empresa de forma descontrolada para cobrir despesas pessoais, ele passa a ter dificuldades para identificar os custos que tem e, principalmente, saber se o negócio está sendo rentável”, comenta Carlos Scagnolato, contador e diretor técnico da Conceitos Planejamento Empresarial.
Ele explica que, em alguns casos, as empresas geram mais lucro do que o empreendedor imagina, e que essa informação poderia ser usada para o desenvolvimento do negócio.
“O empresário que tem uma boa margem de lucro pode, por exemplo, diminuir os preços de alguns produtos e tornar a sua oferta mais interessante para o mercado”, comenta Carlos. “Mas, quando as contas pessoais se confundem com os números da empresa, fica muito mais difícil ter essa noção”, acrescenta.
O especialista preparou dicas práticas e muito importantes para administrar os orçamentos de pessoa física e jurídica sem dor de cabeça. Confira, a seguir:
Embora o conselho pareça óbvio, muitos empresários ainda não praticam. Para visualizar os custos da empresa de maneira mais assertiva, é fundamental separar extratos, cartões de crédito e débito. Algumas instituições financeiras já oferecem contas correntes corporativas com isenção de tarifas e diferentes pacotes de serviços.
“Todas as transações referentes ao faturamento, notas emitidas, pagamento de funcionários e fornecedores devem ser vinculadas à conta de pessoa jurídica”, orienta Carlos. Ele explica que, normalmente, o microempreendedor não separa as contas bancárias por comodidade.
“Quando ele [o empreendedor] precisa pagar a mensalidade da escola do filho, por exemplo, muitas vezes pensa: ‘ah, estou com esse dinheiro da empresa agora, vou usar rapidinho’. O que muitos não sabem é que esse costume pode até trazer implicações legais e ser caracterizado como Distribuição Disfarçada de Lucros (DDL)”, explica o contador.
Em vez de utilizar a receita que entra na empresa para cobrir as despesas da casa, o empreendedor pode estabelecer para si um "salário". Nesse caso, a remuneração é chamada de pró-labore.
Como o faturamento e lucro do negócio podem variar de um mês para o outro, o empresário pode determinar, por exemplo, um “salário fixo” mais baixo e um bônus ou premiação para receber quando a empresa tiver um faturamento maior ou cumprir as metas que ele mesmo planejou.
Assim, nos períodos de crise ele garante uma renda mínima para as suas despesas pessoais e da casa, e quando os negócios aumentarem, o empresário será recompensado de acordo com suas próprias regras.
Em uma empresa de pequeno porte, é comum que o empreendedor não dê tanta importância para os custos menores. Isso é um grande erro, pois, somados, esses gastos representam uma proporção importante das despesas do negócio.
"Manter os registros e a contabilidade em dia é fundamental para que garantir a regularização do empreendimento”, afirma Carlos Scagnolato.
Embora as planilhas ainda sejam bastante utilizadas para controlar o orçamento das empresas, hoje alguns softwares organizam dados de maneira mais simples e proporcionam um controle maior de suas finanças.
É interessante que o empreendedor analise o comportamento financeiro da empresa para identificar os períodos de alto faturamento e reservar dinheiro.
Assim, nos momentos de crise, ele não sentirá a necessidade de retirar recursos do caixa ou tirar dinheiro do seu bolso para manter a empresa funcionando.
Muitos MEIs emitem notas e pagam impostos sozinhos, mas alguns acabam se esquecendo ou não sabem que precisam cumprir suas obrigações fiscais.
Um contador pode ser um excelente aliado para, além de oferecer apoio com os números, ajudar a identificar oportunidades de crescimento para a empresa.
Além disso, ele é o profissional que está sempre informado sobre os direitos do empreendedor e novidades envolvidas no setor em que a sua empresa atua.
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