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Ferramentas de finanças: qual é a opção ideal para você?

Planilha, aplicativo, agenda ou extratos bancários? Encarar os números é atitude fundamental para manter as contas em dia e realizar conquistas, mas, afinal, qual é a melhor ferramenta para isso?

por Flávia Marques

Atualizado em 16 de dezembro, 2022

Ferramentas de finanças: qual é a opção ideal para você?

As lições mais básicas de finanças pessoais, na verdade, não são segredo para ninguém. Todo mundo já ouviu que para manter as contas em dia é preciso gastar menos do que se ganha e reservar parte do orçamento para lidar com imprevistos ou programar o futuro. Mas colocar essas orientações em prática e escolher uma entre as diversas ferramentas de finanças disponíveis parece um grande problema. 

No Brasil, sete em cada dez consumidores não conseguem guardar nenhuma parte dos seus rendimentos, segundo estimativa do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). Além disso, mais de 60 milhões de pessoas estão com o nome sujo. 

Parte dessa situação é reflexo de problemas econômicos, como o alto índice de desemprego e a consequente redução da renda das famílias. Mas, por outro lado, esse cenário também mostra que a falta de planejamento financeiro é uma realidade no país. 

E não tem outro jeito: quem deseja fugir dessas estatísticas e viver com tranquilidade precisa de coragem para encarar as contas e começar um planejamento financeiro. Mas, como fazer isso? 

Neste momento, uma dúvida comum é qual ferramenta utilizar. Hoje, além das tradicionais planilhas, outros meios podem ser eficientes no controle de receitas e despesas. Para entender os prós e contras de cada um e te ajudar a encontrar o formato que mais tem a ver com você, conversamos com Felipe Barbosa, planejador financeiro pela Academia GFAI e sócio da consultoria Capital 360. Confira as orientações do especialista, a seguir: 

Planilhas: por que elas são ferramentas de finanças interessantes?

Bastante indicadas pelos educadores financeiros, as planilhas ainda são vistas como ferramentas muito complexas, principalmente por quem não tem afinidade com o Excel. 

Mas Felipe Barbosa explica que essa ferramenta pode funcionar como um “raio-X” da sua vida financeira e traz algumas vantagens: permite visualizar com facilidade em quais categorias você gasta mais, ajuda a comparar o seu comportamento mês a mês e a fazer projeções de gastos e reserva. 

Isso porque, no arquivo em planilha, é mais simples enxergar os números do ano todo, acompanhar evoluções e entender onde é possível fazer ajustes para colocar as contas em ordem. 

Essa característica pode até te estimular o consumidor a poupar. “Quando você percebe, por exemplo, que consegue reservar apenas 200 reais por mês, isso pode parecer pouco para alcançar os seus objetivos. Em situações assim, muitos desistem de poupar”, explica o planejador financeiro. “Mas, quando olha a longo prazo e vê que manter esse hábito pode render uma economia de 2 400 reais ao ano, fica mais fácil entender os efeitos daquela economia no seu bolso”.

Hoje, quem busca uma planilha pode encontrar diversos modelos, dos mais básicos ao mais complexos. Para quem está começando a cuidar das finanças agora e nunca teve contato com a ferramenta antes, escolher uma opção com muitas informações pode ser motivo para desistir do planejamento financeiro. “A planilha deve ser o mais simples possível”, recomenda o planejador financeiro. “Se a pessoa não está habituada a abrir o Excel e logo de cara encontra um modelo complexo, o planejamento não vai funcionar”. 

Mesmo optando por um modelo simples, é preciso ter força de vontade e reservar um tempo à sua planilha para que o planejamento financeiro funcione. “As planilhas não se atualizam de forma automática, como os aplicativos. No entanto, o consumidor precisa ter consciência da importância de dedicar esse tempo para mudar a sua vida financeira”. 

A Creditas, em parceria com o Thiago Nigro, fundador do canal de finanças O Primo Rico, desenvolveu uma planilha de gastos mensais que permite que o usuário controle receitas e despesas de maneira bem simples. 

Aplicativos de finanças funcionam para todo mundo?

Os aplicativos de controle financeiro são a alternativa ideal para as pessoas mais antenadas e que passam muito tempo com o smartphone. A vantagem de usar o celular — e os aplicativos — como ferramenta de planejamento é que, como o aparelho está sempre próximo, é possível registrar os gastos assim que eles ocorrem.

Assim como para as planilhas, as opções de aplicativos de finanças são diversas, e testar diferentes possibilidades é interessante para identificar com qual você realmente se identifica. Entre os aplicativos de controle financeiro mais baixados estão: Guiabolso, Mobills, Organizze e Minhas Economias. Vale a pena conhecer. 

Mas o excesso de praticidade também pode ser um problema. “É comprovado que tirar dinheiro da carteira, por exemplo, gera muito mais impacto emocional do que passar um cartão ao fazer compras, pois é como se não sentíssemos o bolso esvaziando”, explica Felipe. Isso quer dizer que, quanto mais manual for o registro das receitas e despesas, melhor. 

É preciso ficar atento aos aplicativos que fazem o controle das finanças de forma automática, tirando os dados diretamente do extrato bancário do consumidor. “Assim, é como se você não estivesse em contato direto com os seus gastos”, comenta o especialista. “A partir do momento em que você começa a registrar os números por conta própria no aplicativo, isso reforça a sensação de que você gastou, porque você vê o seu caixa diminuindo quando inclui essa informação”, acrescenta. 

Além do mais, nos aplicativos de preenchimento automático, a tendência é que o consumidor olhe para as contas apenas algumas vezes no mês. Quando você é obrigado a preencher tem mais trabalho mas, quando pega esse hábito, o seu planejamento financeiro tende a melhorar muito. 

Agendas e planners também são eficientes?

Aqueles que não gostam de tecnologia não têm motivos para não organizar as finanças: é perfeitamente possível fazer um controle usando a boa e velha agenda de papel ou um planner. “O método pode ser muito eficaz, mas é importante lembrar que todas as informações, até os gastos menores, sejam anotadas”. 

De acordo com o especialista, o problema de fazer os registros em papel é que essa alternativa normalmente rende mais trabalho para categorizar os gastos e acompanhar a evolução de reservas para alcançar um objetivo específico, já que fica mais difícil comparar os números mês a mês. “A princípio, esse modelo pode parecer mais simples, mas é preciso ter em mente que no final do mês sempre será necessário somar os gastos novamente e encaixá-los em categorias para entender o seu comportamento financeiro”, orienta Barbosa. 

Extratos bancários: é possível controlar o orçamento dessa forma?

Há, ainda, quem prefira usar apenas extratos bancários para controlar o seu orçamento. Hoje, aqueles que têm conta em banco já têm acesso aos comprovantes físicos e em aplicativos. Aliás, por meio dos apps, algumas instituições financeiras já organizam as entradas e saídas em categorias que podem ser acessadas a qualquer momento. Alguns aplicativos de bancos, inclusive, já trazem planejadores de orçamento embutidos. 

Felipe explica que fazer um controle por extrato bancário é interessante porque os valores demonstrados ali são exatos. “Às vezes você pode errar na planilha ou no aplicativo, mas o extrato do banco sempre indica o que você realmente tem”. É um recurso interessante, por exemplo, para aqueles que confundem salário bruto - aquele registrado na carteira de trabalho - com salário mínimo - o montante que cai na conta. 

No entanto, o planejador financeiro não recomenda a utilização deste recurso de forma isolada. “É interessante usar os extratos bancários apenas para confirmar informações, entender o que você realmente gastou”, explica. “Inserir esses dados em outro lugar e acompanhar os registros ainda é a melhor forma de se planejar”. 

Qual é o momento ideal para fazer um planejamento financeiro?

Engana-se quem pensa que planejamento é apenas para quem está endividado e precisa reverter a situação. Felipe Barbosa explica que controlar as finanças é importante para aqueles que estão no vermelho, os que têm as contas em dia e até os grandes investidores. 

Isso porque o planejamento financeiro é uma forma de nos preparar para diferentes situações, a fim de que possamos passar por todas elas com mais tranquilidade. “A nossa vida tem altos e baixos: hoje você pode estar muito bem financeiramente e, daqui um ano, enfrentar uma crise”, afirma. “O planejamento financeiro te ajuda a aproveitar os momentos bons para que, quando a dificuldade chegar, você não sofra tanto”, acrescenta o especialista.

Mais do que isso, o planejamento é um viabilizador de sonhos, como a compra de um bem ou a liberdade financeira, tão almejada. Não é só para reverter um quadro negativo, é para deixar o positivo no positivo. 

Dica de ouro: combine ferramentas para atingir melhores resultados 

Depois de conhecer um pouco mais sobre diferentes ferramentas de controle financeiro, você pode eleger uma das opções para organizar as suas contas, mas os recursos também podem trabalhar de forma complementar. “Você pode, por exemplo, ter uma planilha de gastos e receitas e, mesmo assim, ficar de olho em todos os extratos para verificar que os valores registrados estão corretos”, recomenda Felipe. Assim, você pode aproveitar as vantagens de todas as ferramentas. 

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