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Novas regras do cartão de crédito derrubam juros, mas parcelamento ainda é um mau negócio

por Portal Exponencial

Atualizado em 17 de agosto, 2023

Novas regras do cartão de crédito derrubam juros, mas parcelamento ainda é um mau negócio

O Banco Central definiu novas regras do cartão de crédito. Desde abril, os bancos não podem permitir que o cliente fique mais de 30 dias no rotativo pagando os juros mais altos do mercado financeiro. Depois desse prazo, devem oferecer uma opção de parcelamento com juros menores.

Sondagens de mercado mostram que com as novas regras do cartão de crédito, os juros do parcelamento vão variar de 0,99% a 9,99% ao mês, dependendo da instituição. No ano seria de 12,55% a 213,5%. De fato, os juros ficaram bem abaixo do rotativo, mas isso não significa que financiar a fatura ficou fácil. Em alguns casos, o cartão de crédito ainda perde para outras modalidades de crédito.

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Para se ter uma ideia, a taxa média dos juros do consignado para trabalhadores do setor privado fechou dezembro em 42,7% a.a. O empréstimo com garantia de veículo (ou refinanciamento de veículo) uma das modalidades mais baratas, poderia ser negociado com juros a partir de 25,2% a.a.

Com as novas regras do cartão de crédito, o Banco Central procura reduzir as taxas e frear o endividamento dos brasileiros. O alvo é o rotativo, pois é considerado o vilão das finanças pelo seu efeito bola de neve. Segundo a Confederação Nacional do Comércio (CNC), cerca de 76% das famílias endividadas estão atrasadas com o pagamento do cartão de crédito.

Historicamente, o rotativo do cartão sempre foi a modalidade de crédito mais cara do Brasil. Mas a crise econômica e o crescimento da inadimplência provocaram um aumento exponencial nos últimos anos. O problema é tão grave que em 2016 os juros do rotativo bateram o recorde histórico e chegaram a 497,7% ao ano.

Segundo a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), as novas regras do cartão de crédito já foram sentidas no primeiro mês da nova regra. O órgão identificou que os juros do rotativo caíram pela metade. Entretanto, essa informação só poderá ser confirmada no fim do mês com a publicação oficial do Banco Central.

Enquanto isso, as faturas de maio já foram emitidas com a nova opção de parcelamento. Porém, essa novidade está gerando muitas dúvidas. Entenda como funciona e saiba o que você precisa fazer para se adaptar.

Quais eram as regras do cartão de crédito

Na regra antiga, se o cliente não tinha dinheiro para quitar o valor integral da fatura ele poderia pagar um mínimo de 15% e assim evitava ficar inadimplente. Porém, o valor restante era lançado na fatura seguinte e corrigido com juros abusivos.

Isso significa que se um cliente tinha uma fatura de R$ 1.000 e pagasse apenas o mínimo, ficava com uma dívida de R$ 850 que logo no primeiro mês aumentaria para R$ 986 se fosse corrigida com juros de 16%. Em um ano, pagaria aproximadamente R$ 4.165 se continuasse rolando a dívida sem aumentar os gastos do cartão.

Dificilmente o cliente conseguia aumentar a renda de um mês para outro. Por isso, era comum que no mês seguinte ele recorresse novamente ao rotativo. Afinal, o mês já começava com uma fatura de R$986 e no fechamento somava-se o valor de novos gastos realizados.

Portanto, uma vez que o cliente entrasse no rotativo era muito difícil sair. Uma pequena dívida crescia rapidamente e se transformava em uma bola de neve.

 

Como funcionam as novas regras do cartão de crédito

Com a nova regra o cliente só pode ficar no rotativo por 30 dias. No mês seguinte a administradora do cartão tem que oferecer uma condição de parcelamento com juros menores.

Um dos principais problemas da norma é que o Banco Central não determinou regras específicas e isso está gerando muitas dúvidas. Cada instituição tem liberdade para definir o número de parcelas e as taxas que serão cobradas.

Os prazos podem ser muito longos e isso exige do consumidor uma organização financeira que nem sempre ele tem. Algumas instituições oferecem um parcelamento em até 24 meses. Quanto maior o prazo, maiores serão os juros e o período em que a sua renda estará comprometida para pagar essa dívida.

Fique atento. Se você não pagar o valor integral depois dos 30 dias, a instituição pode te colocar no parcelado automaticamente. Por isso olhe sempre a sua fatura e fale com o seu banco para tirar todas as suas dúvidas.

 

Vale a pena parcelar a fatura do cartão de crédito?

Basicamente o que muda é que o cliente não pode mais alongar indefinidamente a sua dívida e agora tem mais uma opção de financiamento. Mas lembre-se: isso não significa que o parcelamento é a opção mais vantajosa.

Olhe a sua fatura para saber qual é a taxa que a administradora vai fixar no seu contrato. Você pode encontrar linhas de crédito mais baratas

Os juros do parcelamento podem variar de 0,99% a 9,99%. Entretanto, vale ressaltar que poucas pessoas vão conseguir as taxas mínimas. A tendência é que a grande maioria dos consumidores fique próximo de 9,99%.

Isso ocorre porque na análise de crédito feita para emitir a proposta de parcelamento, a instituição vai avaliar o histórico do cliente e vai partir do princípio que trata-se de uma pessoa com alto risco de inadimplência. Afinal, a pessoa ficou pelos menos 30 dias no rotativo e, novamente, deixou de pagar o saldo devedor no mês seguinte.

Na tabela abaixo, feita com base nos dados do Banco Central, você pode ver que o parcelamento do cartão de crédito pode ser mais caro que o empréstimo pessoal, o consignado, o empréstimo com garantia de veículo e o empréstimo com garantia de imóvel.

 

 

Veja cinco dicas para se livrar das dívidas do cartão do crédito:

1. Entenda a sua dívida

Uma pesquisa recente da SPC Brasil identificou que cerca de 42% dos usuários do cartão de crédito não sabem quanto gastaram no mês. Por isso comece fazendo um raio-x da situação para entender exatamente qual é o tamanho do problema. Fale com a administradora do cartão de crédito e pergunte qual o Custo Efetivo Total (CET). Só assim você vai saber quanto precisa arrecadar para pagar a dívida corrigida com juros, taxas e impostos.

2. Entenda as suas finanças e corte gastos

Reveja os seus gastos e procure cortar os supérfluos. Entenda onde começou o descontrole. Veja quais são os gastos fixos e qual é a margem que você tem para pagar as suas dívidas.

3. Renegocie a sua dívida

Agora que você já sabe quanto poderia pagar por mês sem comprometer os gastos fixos, fale com a administradora do seu cartão e peça uma proposta. Explique a sua situação e invista no diálogo até conseguir uma proposta justa.

4. Procure opções mais baratas para pagar a sua dívida

Antes de fechar a proposta com a administradora do cartão de crédito, consulte bancos, instituições financeiras e fintechs para ver qual é a modalidade de empréstimo mais barata. Existem várias opções no mercado, como o empréstimo pessoal, o consignado, o empréstimo com garantia de veículo e o empréstimo com garantia de imóvel

5. Aprenda com os erros e mude hábitos

Você já sabe como são os seus gastos e está prestes a se livrar das dívidas. Aprenda com os seus erros e mantenha o hábito de acompanhar as suas finanças mensalmente para evitar que isso se repita. Fuja definitivamente do rotativo ou parcelamento do cartão de crédito.

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