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Especialista explica que a estabilidade econômica trazida pelo modelo impactou principalmente a população com menor renda, mais afetada pela hiperinflação
por Flávia Marques
Atualizado em 17 de agosto, 2023
Há exatos 25 anos, em 1º de julho de 1994, nascia uma das principais medidas que ajudou a estabilizar e controlar a economia do Brasil: o Plano Real. Com a premissa de controlar a hiperinflação da época, que assolou a vida dos brasileiros desde o fim da ditadura militar até o início dos anos 1990, o presidente da época, Itamar Franco (PMD), e seu ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso (FHC), mobilizaram nomes consagrados da economia brasileira para direcionar a política monetária e pôr fim a fase de instabilidade e descontrole dos preços.
À época, os brasileiros haviam convivido com sete planos econômicos e quatro moedas diferentes, como o Cruzado Brasileiro (1986-1989), Cruzado Novo (1989-1990), Terceiro Cruzeiro (1990-1993) e Cruzeiro Real (1993-1994). Mas, nenhum deles foi capaz de pôr fim a volatilidade dos preços (e encarecimento) dos produtos básicos, recessão e desvalorização acentuada da moeda nacional. Em termos técnicos, a hiperinflação corresponde a inflação maior que 100% ao ano.
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Antes do Plano Real entrar em vigor, por exemplo, a economia do Brasil foi abalada em 1990 com o ápice da hiperinflação, quando o índice de inflação atingiu 80%. Essa instabilidade tornou corriqueira a ida das famílias brasileiras aos supermercados, em busca de promoções. Mesmo assim, o esforço normalmente não garantia que elas encontrariam bons preços. Por isso, estocar alimentos tornou-se um hábito bastante comum na época.
Um exemplo prático é demonstrado pelos dados da época: antes de o Plano Real entrar em vigor, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) estava em 47,43% ao mês. Após a adoção, em julho daquele mesmo ano, a inflação caiu para 6,84%.
“As pessoas recebiam o seu salário e já corriam aos mercados, porque, quanto mais elas esperavam, menos coisas poderiam comprar. O dinheiro perdia valor muito rápido”, explica Joelson Sampaio, coordenador do curso de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV EESP).
Desenvolvida sob a liderança de Fernando Henrique Cardoso (FHC) e Pedro Malan, presidente do Banco Central, o Plano Real é o mais longevo projeto da economia do Brasil. Além disso, contribuiu para os avanços da nossa política monetária e cambial. “O objetivo da equipe era implementar uma nova moeda para controlar a economia e combater a inflação que, de certa forma, prejudicava principalmente as famílias de menor renda”, comenta Joelson.
Sua criação e a estabilização da economia do Brasil permitiu avanços ao longo dos últimos 25 anos, como a formalização do mercado de trabalho; o país passou de devedor a credor do Fundo Monetário Internacional (FMI); a desigualdade social diminuiu e a economia brasileira foi elevada a grau de investimento pelas principais agências internacionais de classificação de risco, como a Standard & Poor's e Moodys. “Combater a inflação era uma das maiores necessidades daquela época, e o Plano foi bem-sucedido. As mudanças no cenário econômico apareceram logo após a implementação, e as famílias sentiram a qualidade de vida melhorar em um prazo muito curto”, afirma o especialista.
As outras estratégias que antecederam o Plano Real fracassaram usando a mesma tática: o congelamento de preços. Isso porque os produtores não podiam repassar aumento de custos ao consumidor final e, para não perderem rendimentos, diminuíam a produção - resultando em escassez de produtos.
O Plano Real trouxe uma proposta menos imediatista, tratando primeiro a causa (inflação) e, depois, os efeitos (aumento dos preços). Em 1993, o governo freou a impressão de dinheiro, reduziu gastos, vendeu empresas públicas e aumentou impostos para elevar a receita. E os resultados apareceram: entre 1993 e 1994, a arrecadação aumentou 25%.
Com a inflação mais controlada, a população, que antes enfrentava dificuldades para comprar alimentos, medicamentos, eletrodomésticos e outros itens, ganhou poder de compra. Em dois anos, a miséria no Brasil caiu 18%, segundo estudos da Fundação Getúlio Vargas.
Cinco anos após o Plano Real, o Banco Central consolidou a política de metas para a inflação brasileira, e, posteriormente, a Lei de Responsabilidade Fiscal, que impede o governo de gastar mais do que arrecada.
Agora, 25 anos depois de sua implementação, a economia do Brasil enfrenta outros dilemas que pode colocar em xeque seu crescimento e avanço. Reformas estruturais como a da Previdência e a tributária, estão em pauta no governo federal e no Congresso Nacional, a fim de nortear os próximos anos da economia brasileira.
Exemplo disso é que, com as regras atuais, o Tesouro Nacional estima um rombo na Previdência de 309 bilhões de reais apenas em 2019. O montante corresponde ao valor que faltará para pagar em aposentadorias e pensões, assim como o dinheiro que o governo arrecada com as contribuições de patrões e empregados.
Joelson Sampaio, economista da instituição, falou à Revista Creditas sobre alguns pontos necessários para manter o sucesso da nossa moeda no mercado e o futuro da economia do Brasil.
Confira, a seguir, trechos da entrevista:
- Como você avalia o real hoje?
A nossa moeda tem muita força. Passamos por um período recessão, que é uma questão fiscal, mas o real continua sendo uma moeda forte. De certa forma, a gente tem até hoje a inflação controlada, e isso é mérito do Plano Real.
- O Plano Real foi um dos responsáveis por essa estabilidade econômica. O que é necessário para continuar mantendo a inflação controlada?
A nossa economia precisa de alguns ajustes, principalmente na questão fiscal. Hoje o governo tem um grande desafio, que é gastar menos.
- A Reforma da Previdência pode contribuir de alguma forma?
Ela está aí para isso, mas não é suficiente. O governo ainda precisa emplacar outras reformas, como a tributária, para voltar a ter equilíbrio fiscal. Depois, acredito que vai ser a vez da reforma política e, na sequência, chegará o momento de discutir assuntos como revisão de infraestrutura, um dos principais gargalos do Brasil atualmente.
- O que pode acontecer se não houver sucesso no avanço dessas reformas?
Sem dúvida, vamos ter um país com menos estabilidade econômica, e as consequências de um cenário assim são sérias: o Produto Interno Bruto (PIB) não cresce, o desemprego aumenta e a população sente esses impactos.
- No início do mês, em uma viagem à Argentina, o presidente Jair Bolsonaro falou sobre a possibilidade da criação de uma única moeda para os dois países. Essa medida seria viável para o Brasil?
Ainda é cedo para avaliar, mas, a princípio, eu não vejo tanto ganho para o Brasil. Analisar essa possibilidade a longo prazo também não é tão simples, porque tudo dependeria de um cenário com variáveis que nós ainda não conhecemos. Precisaríamos estudar melhor os impactos disso. Mas eu diria que é bem pouco provável que isso aconteça. Eu acho que ele [Jair Bolsonaro] só disse isso para dar um sinal de apoio político em um cenário eleitoral. Hoje, a gente ainda não pode mensurar quais consequências uma mudança como essa traria.
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